VI – A Exegese dos Pais da Igreja

As Escolas alexandrina e antioquiana

História da Igreja
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Modo noturno
Texto utilizado na palestra “A Exegese dos Pais da Igreja”, proferida na Primeira Semana Teológica do Seminário Teológico Jonathan Edwards, com o tema “A Teologia dos Pais da Igreja”, em 2016.

Amigos e irmãos, antes de tudo, sejam bem-vindos à 1ª. Semana Teológica do Seminário Teológico Jonathan Edwards. O Seminário foi fundado por iniciativa da Primeira Igreja Evangélica e Congregacional de Caruaru e, hoje, é a Casa que forma os vocacionados das igrejas congregacionais do agreste pernambucano filiadas à UIECB, que fazem a ASCIAP – Associação Congregacional das Igrejas do Agreste Pernambucano

O tema geral da Semana é A Teologia dos Pais da Igreja, e, nesta oportunidade, trataremos especificamente da Exegese e Interpretação Bíblica dos Pais. Como, todavia, falo como professor de História da Igreja do STJE, além de haver-me sido concedida a primeira oportunidade de falar nestes dias de reflexão teológica, convém fazer breve introito sobre o estudo dos Pais da Igreja, denominado “patrologia” ou “patrística” – palavras que derivam do vocábulo latim pater -, o que consideraremos incontinenti.

Introdução aos “Pais” 

De pronto, devemos asseverar que se não fosse a patrística a Bíblia jamais teria chegado até nós. Com efeito, os reformadores do século XVI não laboraram no vácuo histórico. Se, como pontua Justo González, por um lado havia corrupção, por outro, “havia uma longa história, uma bela tradição, digna de respeito e de admiração”, que também foi sabiamente aproveitada. Os reformadores souberam tanto manusear essa “bela tradição” como, ao mesmo tempo, colocá-la em seu devido lugar para o fim de assentar o princípio Sola Scriptura. Tanto Lutero como Calvino utilizavam-se de citações dos Pais e consideravam que a Igreja Romana havia traído a longa tradição cristã.

Johannes Quasten, na obra Patrology, identifica os Pais como os autores cristãos a partir da época do Novo Testamento até Isidoro de Servilha (636 d.C.), no mundo latino, e João Damasceno (749 d.C.), no mundo grego. Seguimos, entretanto, a posição da maioria dos estudiosos e historiadores, quando delimita o período da patrística até por volta dos anos 500 d.C., no período dos grandes concílios ecumênicos, remetendo os séculos posteriores ao estudo da igreja medieval.

Conforme Boniface Ramsey, quatro critérios costumam ser utilizados para se definir quais personagens da História do Cristianismo merecem receber o título de “Pai”, quais sejam, a antiguidade, a santidade de vida, a doutrina ortodoxa e a aprovação eclesiástica. O critério da aprovação eclesiástica indica que deve haver um reconhecimento praticamente unânime por toda a Igreja no sentido de se reconhecer determinado personagem como “Pai”. A ortodoxia, de seu turno, compõe-se de doutrinas proclamadas unanimemente e que permanecem sendo a marca distintiva do cristianismo. No dizer de Vicente, um monge da ilha de Lérins, situada no litoral sul da França, os Pais nos legaram “o que tem sido crido em todos os lugares, em todas as épocas e por todos”. Ransey destaca as seguintes doutrinas como expressões da ortodoxia:

a crença no Deus trino, as plenas naturezas – divina e humana – de Cristo, a eficácia redentora da morte de Cristo sobre a cruz, a autoridade absoluta e a infalibilidade da Escritura, a condição decadente da humanidade, a importância do batismo e da Santa Ceia, e a importância vital da oração e de uma vida espiritual disciplinada.

Pelo exposto, podemos afirmar que os “Pais da Igreja” foram os cristãos autores que viveram retamente nos primeiros cinco séculos da era cristã e transmitiram às gerações posteriores os artigos mais essenciais da fé cristã que haviam recebido dos apóstolos – aquela “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3).

A exegese dos Pais 

Aportamos agora em nosso tema específico: A Exegese dos Pais da Igreja. Para começo de conversa, devemos de logo compreender que melhor é falar-se em termos de “exegeses dos pais”, no plural, visto que até o final do segundo século havia, segundo González, pelo menos três escolas teológicas, cada uma com ênfases, ideais e métodos de interpretação bíblica próprios. Estas escolas teológicas com contornos mais ou menos definíveis são a alexandrina, a cartaginesa e a antioquiana

A alexandrina, porque sediada em Alexandria, teve em Orígenes seu maior expoente, cujo objetivo era descobrir a verdade mais alta que supostamente estava oculta para além da literalidade da Bíblia. A cartaginesa, cujo centro intelectual era Cartago, ganhou notoriedade sobretudo com a obra de Tertuliano, um advogado deveras interessado em descobrir o sentido da Escritura, lendo-a com uma lei. Por fim, a escola antioquiana – com epicentro em Antioquia -, cujo corifeu eleito por González para representá-la foi Irineu, por sua abordagem mais pastoral e ancorada na realidade histórica. Em suma: tem-se em Orígenes o filósofo querendo compreender a verdade mais profunda; em Tertuliano, o advogado lendo a Bíblia como a “Lei de Moisés” e a “Lei do Evangelho”; e, em Irineu, o pastor preocupado com a vida da sua comunidade e centrado em suas raízes históricas. 

Para o nosso interesse, entretanto, deter-nos-emos em duas destas escolas, a alexandrina e a antioquiana, por possuírem não apenas ênfases teológicas distintas, mas métodos de interpretação claramente discerníveis e certamente antagônicos. Antes, porém, não custa lembrar que sempre corrermos riscos quando desejamos classificar escolas de pensamento, sobretudo quando tentamos convencer que podemos separá-las de forma estanque, como se não houvesse sobreposições e comunicações mútuas. No máximo, quando tecemos nossas classificações, o que conseguimos é dar destaques a pontos salientes de cada categoria, embora com algum proveito didático.

Ditas essas linhas preliminares, prosseguimos listando as características e o modo como lidavam com as Escrituras as escolas alexandrina e antioquiana. Os tópicos seguintes se ocuparão da análise de cada uma, naquela ordem.

A escola alexandrina 

Alexandria é uma cidade egípcia situada na foz do rio Nilo. Ela possuía a mais famosa biblioteca do mundo antigo e foi lá que a Bíblia hebraica foi traduzida para o grego, a versão denominada Septuaginta. 

Sabe-se que em meados do segundo século já havia uma forte comunidade cristã na cidade. Por outro lado, Alexandria podia ser definida como uma cidade de efervescência religiosa e filosófica com forte tendência sincrética. Filo, por exemplo, um judeu alexandrino contemporâneo de Jesus, empreendeu a tarefa de jungir o judaísmo com o platonismo através de uma reinterpretação das Escrituras hebraicas em termos alegóricos – a alegorese, para demonstrar o valor filosófico do Antigo Testamento.

Na mesma linha de Filo, surgiu em Alexandria, em fins do segundo século, um cristão chamado Barnabé, que teria supostamente sido o autor da chamada Carta de Barnabé. Sabe-se com razoável certeza que essa Carta é alexandrina e foi escrita entre os séculos segundo e terceiro, em tons gnósticos e extremamente alegoristas. Uma das passagens mais conhecidas da Carta de Barnabé é sua interpretação de Gênesis 14.14, onde lemos sobre os 318 homens de Abraão. O autor concluiu que, como “I” equivale a dez e “H” a oito, teríamos aqui as duas primeiras consoantes do nome Jesus (em hebraico IeHoshua), e que a letra “T”, que equivale a 300, seria uma referência à cruz. A Carta de Barnabé conclui, então, que o número 318 “designa claramente Jesus pelas duas primeiras letras e a cruz pela terceira”. 

Um cristão deveras influente em Alexandria foi Clemente, que na verdade era natural de Atenas. Clemente (150-215 d.C.) tornou-se sucessor de Panteno, em 180 d.C, com quem aprendeu a “verdadeira filosofia” do cristianismo. Para Clemente, a alegoria revelava o verdadeiro sentido das Escrituras aos discípulos, enquanto ao mesmo tempo o escondia dos demais. Um exemplo do modo como Clemente alegorizava as Escrituras pode se ver em sua interpretação da parábola do filho pródigo: 

O pai, então, confere-lhe a glória e a honra que eram necessárias e convenientes, colocando sobre ele o melhor manto, o manto da imortalidade, e um anel, um sinete real e um selo divinoum sinete de consagração assinatura da glória, segurança do testemunho (pois está escrito, “Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro”, Jo 3.33), e sandálias, não aquelas que perecem, que devam ser retiradas quando se entra em solo santo (Êx 3.5), e nem aquelas que Jesus proibiu que seus discípulos carregassem quando fossem pregar (Mt 10.10), mas aquelas que não se gastam, que são apropriadas para a jornada aos céus e que adornam o caminho celestial, e que somente pés lavados pelo Senhor podem calçar (Jo 3.33) (com grifos nossos).   

Clemente permaneceu em Alexandria até ser obrigado a deixá-la pela perseguição movida no começo do terceiro século pelo imperador Sétimo Severo, momento em que a escola passou ao comando do seu mais famoso expoente, Orígenes (185-253). 

Para Orígenes, as Escrituras possuem três níveis de sentido, um para cada parte do homem (lembrando que Orígenes era tricotomista): o literal, que corresponde à carne; um mais avançado, que corresponde à alma; e um ainda mais superior, relativo ao espírito. No entanto, ele jamais seguiu essa tríplice categorização de sentidos, atendo-se somente a dois níveis: o literal e o espiritual. O sentido literal é o que o texto deixa entender a partir da simples linguagem; é um sentido que não deve ser ignorado, embora seja dirigido apenas aos cristãos mais ignorantes. Por outro lado, o sentido espiritual é o desejável pelos cristãos mais sábios, porque somente ele revela aquelas verdades mais altas e inalcançáveis aos crentes comuns.

Um exemplo desse tipo de abordagem da Escritura por Orígenes pode ser visto em como ele lia os textos veterotestamentários nos quais Deus ordena ao povo de Israel que destrua uma cidade inteira. Para ele, Deus de fato não ordenou tal coisa, literalmente, mas que nós devemos destruir nossos vícios pela raiz. 

Para Orígenes, Gênesis 24.15-17, o texto que narra Rebeca indo tirar água do poço e encontrando os servos de Abraão, na verdade significa uma instrução para que cheguemos aos poços da Escritura e ali nos encontremos com Cristo. Vejamos outros exemplos da exegese de Orígenes, destacados por Nicodemus:

Faraó, mandando matar os meninos e preservando as meninas hebreias (Êx 1.15-16), era interpretado por Orígenes em verdadeiro estilo filônico, os meninos significando o espírito intelectual e sentidos racionais e as meninas significando as paixões carnais. As seis talhas de pedra, que os judeus usavam para purificações (Jo 2.6), significam os sentidos moral e espiritual das Escrituras e, às vezes, o espiritual. O sentido verdadeiro (alegórico) da passagem do divórcio (Mt 19.6) é a separação da alma do seu anjo da guarda.

Como se pode facilmente perceber, o ponto mais problemático da exegese alexandrina é a total entrega do Texto ao subjetivismo do intérprete, que é, em última análise, quem seleciona os símbolos e determina seu significado. Seguindo seu método, Orígenes encontrou “na Bíblia uma mensagem parecida com os ensinamentos dos filósofos platônicos”.

A escola antioquiana 

Antioquia era a principal cidade da região compreendida pela Síria e Ásia Menor, que hoje corresponde à Síria, Turquia e alguns países vizinhos. Ela foi fundada em 301 a.C. por Seleuco I Nicator, que a nomeou em homenagem ao pai. Embora também vivenciasse um sem número de religiões e pensamentos filosóficos, não conheceu o sincretismo que predominava em Alexandria. 

O livro de Atos dos Apóstolos nos diz como o evangelho chegou a Antioquia, que lá os discípulos de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos e que a igreja da cidade acolheu o apóstolo Paulo e o enviou a três viagens missionárias.

Um Pai realmente digno para representar a teologia da região em torno de Antioquia foi Irineu, que emigrou de Esmirna (atual Izmir, Turquia), o lugar da sua infância, e fixou-se na Gália (atual França), em Lião (na época conhecida por Lugdunum), onde se dedicou à comunidade cristã que serviu como pastor. Irineu reivindicava relações diretas com as raízes apostólicas, por ter sido discípulo de Policarpo que, de seu turno, foi discípulo do apóstolo João em Éfeso. Pelo fato de essa região estar estreitamente relacionada com os fatos narrados no Novo Testamento, sua teologia não se centrava, segundo González, “em uma série de verdades imutáveis vindas do céu, mas em certos acontecimentos que haviam ocorrido ali mesmo e entre as pessoas que tinham lhes legado a fé”. 

A partir desse ponto de vista – ou seja, da importância crucial dos acontecimentos envolvendo pessoas e fatos -, fica evidente que a Bíblia não poderia ser alegorizada, sob pena de vermos todo o seu testemunho se desvincular do arcabouço histórico, berço do evangelho. Convenhamos que a proposta alexandrina é que podemos compreender verdades eternas à parte do contexto histórico, porque segundo essa escola a mera narrativa não traduz a mensagem mais profunda da Escritura. Entretanto, segundo a escola antioquiana, o ensino da Bíblia é a revelação de Deus na história, em como Deus se relaciona com a humanidade, o que Irineu denomina “economia divina”. Portanto, todas as narrativas bíblicas devem ser compreendidas histórica e literalmente, sem alegorizações.

Teófilo de Antioquia, no segundo século, em sua obra A Autólico, deixa claro que o Antigo Testamento é um livro histórico que narra uma verdadeira história de como Deus se relacionou com Israel, por isso ele se esforçou para traçar uma cronologia histórica da criação aos seus dias. Um exemplo marcante da exegese de Teófilo é sua interpretação de Gênesis 3.8, o texto que nos diz que Adão e Eva ouviram a voz de Deus, que andava no jardim pela viração do dia. Ouçamo-lo:

Deus Pai, na verdade, não pode ser contido, e não pode ser encontrado num determinado lugar, pois não há lugar algum que lhe sirva de descanso; mas sua Palavra, pela qual ele fez todas as coisas, sendo seu poder e sua sabedoria, assumindo a pessoa do Pai e Senhor de todos, foi ao jardim na pessoa de Deus e conversou com Adão. Pois a Escritura nos diz que Adão ouviu sua voz. E que voz é esta senão a Palavra de Deus, que também é seu Filho?

Desenvolveu-se em Antioquia o conceito de theoria, em contraposição à alegorese dos alexandrinos, para designar o estado mental dos profetas quando recebiam suas visões. Chamava-se theoria o princípio antioquiano para perceber que o profeta, através de uma única visão, antevia tanto um cumprimento imediato como um remoto, em um futuro mais distante. Dessa forma, os mestres de Antioquia tanto descobriam o sentido mais que literal, pretendido pelos profetas, como permaneciam fieis ao sentido literal. 

Além da theoria, Nicodemus elencou os seguintes princípios de interpretação utilizados pela escola de Antioquia: sensibilidade e atenção ao sentido literal do texto, pelo qual se busca extrair do texto a intenção do autor; historicidade dos relatos, sem descartar a possibilidade de tipologias, tais como as de Paulo em Gálatas 4.21-31; e intenção do autor, através da análise cuidadosa das palavras em seu contexto original.

Devemos estudar os Pais?

À guisa de conclusão deste encontro e de introdução aos demais – lembrando que estamos apenas começando a nossa Semana -, devemos pontuar que, sim, precisamos estudar os pais, pelas mais variadas razões. Primeiro, porque, como antes assinalamos, eles são um elo histórico indispensável entre o cristianismo do período apostólico e os desdobramentos históricos posteriores. 

Segundo, porque eles nos remetem sempre às Escrituras. Quanto a isso, por óbvio que nos sentiremos sempre livres para confrontar seus ensinos e ideias à luz da Revelação de Deus (Sola Scriptura), mas é certo que eles jamais pretenderam conceder às suas próprias palavras a autoridade que possui a Palavra de Deus. Essa equiparação entre a tradição herdada dos Pais e a Escritura foi produto, enquanto dogma, do Concílio de Trento, em 1546, em plena contrarreforma. 

Terceiro, os Pais nos legam as verdades mais básicas que precisam ser cridas por todos os cristãos, em todo o tempo e em todos os lugares – a ortodoxia -, como asseverou Vicente de Lérins. Eles inclusive nos deixaram toda uma terminologia que séculos depois nós ainda as consideramos úteis, a exemplo da palavra “Trindade”. Irineu, por exemplo, nos deixou sua confissão de fé, muito parecida com o Credo Apostólico, in verbis:

Esta, portanto, é a ordem da regra de nossa fé. Deus pai, não criado, não material, invisível; um só Deus, o criador de todas as coisas: esse é o primeiro ponto da nossa fé. O segundo ponto é este: o Verbo de Deus, Filho de Deus, Cristo Jesus nosso Senhor, que se manifestou aos profetas de acordo com a forma da profecia deles e em harmonia com o método da dispensação do Pai; por intermédio de quem [isto é, do Verbo] todas as coisas foram feitas; o qual também, na consumação dos tempos, para completar e reunir todas as coisas, fez-se homem entre os homens, visível e tangível, a fim de destruir a morte e expor a vida, produzindo a perfeita conciliação entre Deus e o homem. E o terceiro ponto é: o Espírito Santo, por meio de quem os profetas profetizaram, os pais aprenderam as coisas de Deus e os justos foram conduzidos ao caminho da justiça; o qual, na consumação dos tempos, foi derramado de maneira nova sobre a humanidade em toda a terra, renovando o homem para Deus.

Quarto, o estudo dos Pais faz-nos sentir o que realmente somos, parte de um povo antigo, uma comunidade histórica que vem percorrendo incansável e invencível mais de dois milênios, como tão bem explicou-nos Bryan M. Litfin:

Quando conhecemos os pais da igreja como indivíduos, começamos a entender algo do esplendor da comunidade a que pertencemos – aquilo que o Credo Apostólico denomina “comunhão dos santos”. Começamos a nos sentir ligados aos crentes que, cada um em sua época, seguiram a Jesus Cristo com entusiasmo, exatamente como o fazemos hoje. Tornamo-nos conscientes de que existe uma ênfase ou um movimento da igreja ao longo do tempo. Por isso, nosso estudo do passado cristão deve nos motivar à realização do ministério e nos exortar à fidelidade. Deve nos dar uma percepção de que não estamos sozinhos, de que somos parte de algo grandioso e magnífico, de que precisamos combater o bom combate em nossa geração da mesma maneira que fizeram os que vieram antes de nós.

Finalmente, uma última advertência oportuna acerca dos Pais: eles não eram aquilo que chamaríamos hoje de católicos romanos. É difícil apontar uma data exata ao surgimento do catolicismo romano, mas é certo que ele está ligado à sedimentação das ideias do papado como a sucessão contínua do ministério de Pedro e de Roma como a sede preeminente do cristianismo, fatos não consolidados antes do século sexto. Mais antigo que o catolicismo romano e pré-existente a este é o cristianismo católico, quando se entendia que “Ser católico é simplesmente ser parte do corpo de Cristo mundial. Catolicidade implica o sentido de universalidade da igreja cristã”. 

Bibliografia Consultada

FERREIRA, Franklin. Servos de Deus: Espiritualidade e Teologia na História da Igreja. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2014. 
GONZÁLEZ, Justo. Tradições Cristãs: Retorna à História do Pensamento Cristão. São Paulo: Hagnos, 2011.
HALL, Christopher A. Lendo As Escrituras com os Pais da Igreja. Viçosa: Ultimato, 2000.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes: Uma Breve História da Interpretação. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
LITFIN, Brayan M. Conhecendo os Pais da Igreja: Uma Introdução Evangélica. São Paulo: Vida Nova, 2015.

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