

Nossa confissão
Entenda o que é a fé reformada
O Protestantismo como movimento religioso de reforma, ocorrido ainda na primeira metade do século XVI, é suficientemente amplo para abranger algumas tradições então exsurgentes. Eram parte daquele movimento tradições que propugnavam por igrejas nacionais, tais como a luterana e a anglicana, como também diversificados seguimentos denominacionalistas que propunham mais ou menos independência da Igreja em relação ao Estado.

Não é distante da realidade afirmar que todo esse abrangente esforço religioso em que consistiu a Reforma Protestante detinha convicções teológicas comuns capazes de identificar suas variadas tradições como parte de um todo razoavelmente coeso, fundado nos denominados (carinhosamente) “Cinco Sola´s” – Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus e Soli Deo Gloriae. O lema “Somente a Escritura” expressou a questão da autoridade concentrada na Escritura Sagrada. A justificação graciosa pela fé somente foi exibida nos slogans “Somente a Graça”, “Somente a Fé” e “Somente Cristo”. O resultado dessas convicções não poderia ser outro além do mote “Somente a Deus a glória” e da doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes.
Nesse contexto, influenciando tanto igrejas nacionais como variados denominacionalismos, situava-se a tradição reformada ou calvinista, cujo nome está a expressar sua dívida para com João Calvino, o reformador franco-genebrino, embora não só, devendo ser necessariamente lembrados homens da lavra de Ulrich Zwínglio e Martin Bucer. Seus postulados doutrinários foram cristalizados nos grandes símbolos de fé dos séculos XVI e XVII – a confissão Belga, o Catecismo de Heidelberg, a Segunda Confissão Helvética, os Cânones de Dort, a Confissão de Fé de Westminster e seus Catecismos -, todos com acentuado interesse em destacar a soberania de Deus e Sua glória como a finalidade última de todas as coisas.
A centralidade das Escrituras Sagradas à fé reformada é especialmente vocalizada por meio do “princípio regulador”, tratado com a devida importância notadamente no seio do puritanismo inglês, escocês e holandês dos séculos XVI e XVII, pelo qual a vida dos cristãos deve ser rigorosamente pautada na Palavra de Deus. Tal princípio ganhou especificidade no “princípio regular do culto”, segundo o qual as igrejas cristãs devem prestar seu culto a Deus pelos meios formais e substanciais estabelecidos nas Escrituras.
Essas e outras questões relativas à fé reformada serão tratadas nas obras expositivas, teológicas e históricas do pastor Ary.